por Fatima Flórido Cesar
Eu teço sonhos e deles eu preciso cuidar porque são minha entrada para a realidade.
Os sonhos preparam o fazer, o existir; inventam caminhos que ora se dão em terra firme, ora se dão em barcos desbravadores. Os sonhos nos conduzem para o mais além, porque nascemos com a vocação para desdobramentos em infinitas bifurcações.
Mas chega a hora de voltar para casa.
Então, nem tanto ao mar, nem tanto à terra; todas as aderências são perigosas, mesmo que o projeto seja um viajar incessante. Pois a vontade de ir perde seu potencial de novidade, caso se transmute em furor e em esquecimento do lar.
Esse deslocamento infindável nos engana: tem ares de saudável liberdade, de desapego. Entretanto, a aderência se apresenta pelo furor de movimento incessante: a adesão à vontade de partir. É no entre, no relativo, que podemos ficar confortáveis: a saúde e o bem viver se situam no trânsito e no possível.
Porque o sonho é manso, ele garante o tal possível. Imaginarmo-nos de determinado modo, alto ou distante do que se é, é fruto das armadilhas das idealizações, estas distintas do sonho. Se, por um lado, o ideal do eu nos oferta o cultivo de ideais, por outro, nos aprisiona se queremos ser de tal jeito, de um modo que se distancia do simplesmente ser.
Uma coisa é sermos idealistas, modo de ser sempre bem-vindo, outra coisa é a fixidez nas idealizações. Embate difícil este entre querer ser longe de sua própria natureza e sossegar no próprio modo de existir, naquilo que nos cabe. Nada fácil, pois para essa tarefa precisamos começar a nos desvencilhar dos mandatos parentais, daquilo que nossos pais sonharam em nós.
Na verdade, um tanto do que se teceu enquanto fomos gestados e cuidados precisa permanecer. É nossa herança. Mas o que se quis demais, a missão que nos foi destinada: é nosso trabalho disso nos afastarmos até chegar ao possível, ao encontro das águas da originalidade com a tradição.
Sossegar: das alegrias mais genuínas é essa que nos reconcilia com nosso tamanho, com o que nos cabe, sem abrir mão do mais além que nos é destinado. Mais um paradoxo, esse entrelaçar do voo com o pouso, com o andar, com o mancar: a alegria do possível.
quarta-feira, 19 de agosto de 2015
Amor
por Fatima Flórido Cesar
Custei a entender o amor. Diferente da paixão, esta clara e fácil de ser definida. Letras não faltavam para dizer a paixão. Agora penso, nessa hora da vida, que essa transparência do entendimento da paixão se dava no que ela acontece no corpo. Ficava fácil assim compreendê-la: coração batendo, mãos úmidas, pernas trêmulas; corpo todo envolvido na acontecência do encontro.
Já o amor, se me pedissem: defina-o, não sabia. O amor-névoa, o amor-barato, a palavra cessava na sua existência que escapava das mãos e do entendimento. Até que a sabedoria dos anos vem trazendo devagar a compreensão: o amor faz parte do mundo invisível. Não precisa de corpo para sua aparição, surge atrás dos mistérios da vida. Não é que seja desencarnado; mas surge no corpo de outra forma: ou manso no decorrer das horas ou em seu avesso, quando a ameaça da perda traz com toda força a presença do corpo-assustado.
Dizem que primeiro vem a paixão, depois o amor: disso não sei falar. Acho simplório até, tão rasa explicação. Só penso que custei a entender por conta da condição de laços invisíveis, esses que tecem a trama do amor, diversa da intensidade, da possessão que constitui o rosto da paixão.
Só penso que custei a entender porque recusava definições fáceis, declarações banais; gestava em mim o sentido de algo que se tecia anos e anos, lado a lado, estreitos nós, invisíveis que sejam, mas que se apresentam na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Subi montanhas, escavei buracos, vislumbrei atrás de nuvens: ganhei força para adentrar esse mistério, passo a mão com leveza em seu rosto, prescruto-o se está bem e, sem ele saber, juro amor eterno.
Talvez ele tenha entendido antes de mim, mas, sem nada dizer, também faça secretas juras de amor.
Custei a entender o amor. Diferente da paixão, esta clara e fácil de ser definida. Letras não faltavam para dizer a paixão. Agora penso, nessa hora da vida, que essa transparência do entendimento da paixão se dava no que ela acontece no corpo. Ficava fácil assim compreendê-la: coração batendo, mãos úmidas, pernas trêmulas; corpo todo envolvido na acontecência do encontro.
Já o amor, se me pedissem: defina-o, não sabia. O amor-névoa, o amor-barato, a palavra cessava na sua existência que escapava das mãos e do entendimento. Até que a sabedoria dos anos vem trazendo devagar a compreensão: o amor faz parte do mundo invisível. Não precisa de corpo para sua aparição, surge atrás dos mistérios da vida. Não é que seja desencarnado; mas surge no corpo de outra forma: ou manso no decorrer das horas ou em seu avesso, quando a ameaça da perda traz com toda força a presença do corpo-assustado.
Dizem que primeiro vem a paixão, depois o amor: disso não sei falar. Acho simplório até, tão rasa explicação. Só penso que custei a entender por conta da condição de laços invisíveis, esses que tecem a trama do amor, diversa da intensidade, da possessão que constitui o rosto da paixão.
Só penso que custei a entender porque recusava definições fáceis, declarações banais; gestava em mim o sentido de algo que se tecia anos e anos, lado a lado, estreitos nós, invisíveis que sejam, mas que se apresentam na alegria e na tristeza, na saúde e na doença. Subi montanhas, escavei buracos, vislumbrei atrás de nuvens: ganhei força para adentrar esse mistério, passo a mão com leveza em seu rosto, prescruto-o se está bem e, sem ele saber, juro amor eterno.
Talvez ele tenha entendido antes de mim, mas, sem nada dizer, também faça secretas juras de amor.
domingo, 16 de agosto de 2015
John Singer Sargent em Washington, DC.
Fotografando Sargent
por Luiz Carlos Monte![]() |
| Autorretrato (1907) - Galleria degli Uffizi (domínio público) |
Nunca pensava em ir aos Estados Unidos.
Tendo dinheiro, iria sempre para a Europa.
Mas minha irmã Lílian foi morar lá...
Aí fui visitá-la.
Em 2008.
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| Eu e Dri com minha irmã, sobrinha e cunhado em Washington. |
Essas são as duas maiores atrações americanas:
- a hospitalidade da minha irmã;
- os quadros de John Singer Sargent, que eu só conhecia de estampas em livros e internet.
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| Carnation, Lily, Lily, Rose (1885) - Tate Britain (domínio público) |
Fiquei encantado com Washington, D.C.
É realmente um dos lugares para se visitar no mundo.
Cidade planejada para ser a vitrine da grande nação americana.
Uma enorme quantidade de museus. E... quadros do J.S. Sargent.
Que, ao vivo, são mais impactantes.
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| Indolência - National Gallery of Art - Washington, D.C. |
Sei que, na história da pintura, ele não é dos maiores, dos revolucionários. É daqueles pós-, no caso, pós-impressionista. Um Eliseu Visconti de lá.
Mas para quem está atrás de curtir a Beleza, com B maiúsculo...
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| Morning walk - Caminhada matinal (1888) - coleção privada (wikimedia commons). Mrs. Violet Ormond, irmã de Sargent |
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| Catadores de ostras em Cancale (1878) - Corcoran Gallery of Art, Washington DC. |
Pintou muitos retratos das socialites da época - início do séc XX.
Com isso ganhou a grana que o permitiu viajar pelo mundo pintando Marrocos, Veneza, a França, ...
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| Cena de rua em Veneza (1882) - National Gallery of Art, Washington, DC (domínio público). |
Essas mulheres de nomes imponentes eram as madames dos poderosos de então (tataravôs dos poderosos atuais). Algumas bonitas. Sempre super bem vestidas com o que havia de melhor na alta-costura.
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| Elizabeth Winthrop Chanler - Smithsonian American Art Museum, Washington, D.C. |
O grande lance dele era conseguir espelhar a pessoa daqueles rostos e o espetáculo daqueles modelitos.
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| Mrs. Joshua Montgomery Sears (1889) - Museum of Fine Arts, Houston, Texas Foi pintora, fotógrafa e patrona das artes e colecionadora. Amiga (não à toa) de Sargent - que capturou sua inquietude e aristocracia. Dá pra viajar no vestido. |
Só era grande mesmo quem tinha um retrato enorme, imponente, de sua mulher pintado pelo Sargent (aqui, no Brasil, basta ela ser destaque em uma escola de samba).
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| Betty Wertheimer (c. 1908) - Smithsonian American Art Museum, Washington |
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| Mrs Henry White (1883) - Corcoran Gallery of Art, Washington, D.C. |
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| Mrs. Adrian Iselin (1888) National Gallery of Art, Washington, DC. |
Washington tem muitos museus e muitas pinturas de Sargent espalhadas por eles.
Fotografei em:
- National Gallery of Art
- Corcoran Gallery of Art
- American Art Museum
- National Portrait Gallery
- Freer Gallery
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| Leonard Wood (1903) - National Portrait Gallery, Washington, DC. |
Mas o que eu gosto mais não são os retratos. São os quadros que têm parte em penumbra suave - praças no Marrocos, um pequeno busto em um jardim. Nessas partes de penumbra, ele arrebentava mais ainda.
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| Breakfast In The Loggia (1910) - Freer Gallery, Washington, D.C. |
Voltarei a falar sobre Sargent.
domingo, 9 de agosto de 2015
Museo Sorolla
por Lúcia Mattoso
originalmente publicado em luciadizni
Ainda na inspiração dos impressionistas, trago aqui alguns registros da minha visita ao Museo Sorolla em Madri, em dezembro de 2008. O museu é localizado na casa em que viveu Joaquín Sorolla García e sua família, onde o artista mantinha seu ateliê. A pedido da viúva de Sorolla, em 1932 a casa foi transformada em um museu em memória de seu marido.

Mommy no jardim do Museu Sorolla

Eu congelando na escadinha de acesso à casa
O estilo de Sorolla recebe muitas classificações: desde o título de impressionista - que tantos de seus contemporâneos receberam - até luminista ou neoimpressionista. "Ismos" a parte, é notável nos quadros de Sorolla a sensação de movimento gerada pela combinação de borrões de cores além do registro dos efeitos da luz como foco de suas telas. Não por acaso, como muitos colegas da época, a água e os reflexos são temas recorrentes em seus quadros.

El baño del caballo (1909)

El balandrito (1909)
Outra técnica para transmitir a sensação de movimento são os enquadramentos que "cortam" elementos do quadro como pessoas ao fundo e até membros do personagem em destaque, como vemos muito na obra de Degas.

Nadadores, Jávea (1905)
"Sorolla foi a Jávea pela última vez no verão de 1905. Esquece-se das indústrias da cidade e realiza numerosas composições de crianças e adolescentes. A paleta adquire uma intensidade inusitada pelos fortes contrastes de dourados, azuis marinho e esmeraldas, que devido à profundidade de suas águas são totalmente reais." - texto do catálogo do Museu Sorolla.
Mas não apenas de crianças na praia consistiam as temáticas do pintor espanhol. Sorolla buscou pintar a realidade da época e passar em alguns de seus quadros a sensação de desconforto, como no espaço limitado em que se encontram as personagens da polêmica obra Trata de Blancas.

Trata de Blancas (1884)
Já a opção de temáticas mais pessoais costuma ser comparada com as composições do colega americano Sargent. Essa relação entre suas obras inspirou a exposição Sargent / Sorolla, que visitou dentre outros museus o Thyssen-Bornemitza em Madri.

Madre (1895)
Por se tratar do ambiente em que Sorolla viveu em pintou, o museu tem um charme especial, que pode ser averiguado na visita virtual do museu.

Interior do museu - visualização a partir da visita virtual
Imperdível!
Ainda na inspiração dos impressionistas, trago aqui alguns registros da minha visita ao Museo Sorolla em Madri, em dezembro de 2008. O museu é localizado na casa em que viveu Joaquín Sorolla García e sua família, onde o artista mantinha seu ateliê. A pedido da viúva de Sorolla, em 1932 a casa foi transformada em um museu em memória de seu marido.
| Mommy no jardim do Museu Sorolla |
| Eu congelando na escadinha de acesso à casa |
O estilo de Sorolla recebe muitas classificações: desde o título de impressionista - que tantos de seus contemporâneos receberam - até luminista ou neoimpressionista. "Ismos" a parte, é notável nos quadros de Sorolla a sensação de movimento gerada pela combinação de borrões de cores além do registro dos efeitos da luz como foco de suas telas. Não por acaso, como muitos colegas da época, a água e os reflexos são temas recorrentes em seus quadros.
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| El baño del caballo (1909) |
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| El balandrito (1909) |
Outra técnica para transmitir a sensação de movimento são os enquadramentos que "cortam" elementos do quadro como pessoas ao fundo e até membros do personagem em destaque, como vemos muito na obra de Degas.
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| Nadadores, Jávea (1905) |
"Sorolla foi a Jávea pela última vez no verão de 1905. Esquece-se das indústrias da cidade e realiza numerosas composições de crianças e adolescentes. A paleta adquire uma intensidade inusitada pelos fortes contrastes de dourados, azuis marinho e esmeraldas, que devido à profundidade de suas águas são totalmente reais." - texto do catálogo do Museu Sorolla.
Mas não apenas de crianças na praia consistiam as temáticas do pintor espanhol. Sorolla buscou pintar a realidade da época e passar em alguns de seus quadros a sensação de desconforto, como no espaço limitado em que se encontram as personagens da polêmica obra Trata de Blancas.
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| Trata de Blancas (1884) |
Já a opção de temáticas mais pessoais costuma ser comparada com as composições do colega americano Sargent. Essa relação entre suas obras inspirou a exposição Sargent / Sorolla, que visitou dentre outros museus o Thyssen-Bornemitza em Madri.
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| Madre (1895) |
Por se tratar do ambiente em que Sorolla viveu em pintou, o museu tem um charme especial, que pode ser averiguado na visita virtual do museu.
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| Interior do museu - visualização a partir da visita virtual |
Imperdível!
quarta-feira, 5 de agosto de 2015
Berlim, julho de 2015
Qual é a de Berlim?
por Luiz Carlos Monte
Era uma quantidade considerável de pessoas dizendo "Berlim é o máximo!".
Eu pensava "tenho que ver", já que tinha perdido o medo da Alemanha em outras viagens (Vale do Reno e Baviera).
Adriana, a patroa, queria ir à Praga, que também não conhecíamos, e Berlim era ali pertinho. E no caminho tinha Dresden!
"OK, é essa a viagem que faremos!".
Fizemos.
Costumo estudar muito os locais antes de viajar. Um dia eu conto. Mas o primeiro semestre de 2015 foi tormentoso... grandes decisões... sufocos... essas coisas.
O resultado é que só deu pra "planejar" Praga.
Planejar-entre-aspas quer dizer anotar opções e observações.
Na hora se escolhe o que fazer.
Um dia apareceu alguma foto de Český Krumlov. Basta ver uma para se querer ir lá. Fica na República Tcheca, quase fronteira com a Áustria. Repensamos a viagem para, além de Praga, Dresden e Berlim, passearmos pelo interior da Tchecolândia.
Não me acostumo com esse tal nome "República Tcheca". Tantos anos de Tchecoslováquia...
E Berlim com isso?
Dos trabalhos mais chatos de se programar uma viagem, para mim, é escolher hotéis. Essa parte é da Adriana. Eu só ajudo um pouco atrapalhando. A maior prioridade é localização. Aprendemos isso sendo muito felizes com hotéis na própria Piazza della Signoria em Florença, na Via del Corso em Roma, na Plaza del Sol em Madri.
Onde seria a boa localização em Berlim?
O gênio aqui resolveu fazer um mapa com as atrações estreladas de Berlim (usando as estrelas do Michelin). Uma versão do mapa é essa aqui:
Cientificamente ficamos no tal centro geográfico das atrações.
Estranhei que todo mundo que tinha adorado Berlim não tinha ficado tão perto das atrações como eu esperava ficar.
Agora que fui, entendi.
Pode não ter nada a ver comparar Berlim com São Paulo. Mas com um pouquinho de esforço dá para entender a ideia.
Adoro São Paulo. Muito. Pena que é longe...
São Paulo tem o MASP, o Ibirapuera do Niemeyer e do Burle Marx, tem a Pinacoteca e por aí vai.
Mas não são essas adoráveis atrações (estreladas) que me fazem gostar de São Paulo.
É a Vila Madalena com a Mercearia São Pedro, é Moema com seu ar de Rio de Janeiro, são os Jardins, a arquitetura na Berrini e em muitos outros lugares, são o fervo, os eventos culturais, as lojas e os ingredientes que não se acham no Rio.
Berlim tem algumas (poucas) grandes atrações: os museus, o Reichstag, o portão de Brandenburgo, não muito mais que isso. Mas o lance de Berlim não é por aí.
O charme está na vida de alguns bairros, que nem atrações estreladas têm.
Sobre esses, os guias são sucintos, seguindo o padrão de guias: destacam uma igreja, um prédio, uma praça nem tão legal. Uns blogs ainda falam de bares, restaurantes. É pouco.
Por exemplo, o Michelin menciona os bairros Scheunenviertel (ver meu post Spandauer Vorstadt), Prenzlauer Berg e Kreuzberg.
Resumindo: ficamos em Berlim os últimos 5 dias da nossa viagem.
Ainda tem isso: últimos dias significam reservar tempo para comprar besteiras, fazer malas, providências gerais e diminuir o ritmo para aliviar o cansaço.
Sabíamos desde quando planejamos a viagem que seria pouco tempo.
Na verdade eram só 4 dias, um era para ir a Potsdam, que acabamos não indo.
Também não fomos ao castelo Charlottenburg, parte oeste do nosso roteiro, que ocuparia um dia inteiro.
Ou seja, apenas arranhamos Berlim.
Mas foi de propósito, sabíamos que pretenderíamos voltar algum dia.
Pelo visto vão ter que ser várias vezes.
Que nem São Paulo.
por Luiz Carlos Monte
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| Colé a de Berlim??? |
Era uma quantidade considerável de pessoas dizendo "Berlim é o máximo!".
Eu pensava "tenho que ver", já que tinha perdido o medo da Alemanha em outras viagens (Vale do Reno e Baviera).
Adriana, a patroa, queria ir à Praga, que também não conhecíamos, e Berlim era ali pertinho. E no caminho tinha Dresden!
"OK, é essa a viagem que faremos!".
Fizemos.
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| Indo a Berlim, encontraríamos uns camaradas. |
Costumo estudar muito os locais antes de viajar. Um dia eu conto. Mas o primeiro semestre de 2015 foi tormentoso... grandes decisões... sufocos... essas coisas.
O resultado é que só deu pra "planejar" Praga.
Planejar-entre-aspas quer dizer anotar opções e observações.
Na hora se escolhe o que fazer.
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| Não dá para seguir roteiros. Faz-se o que dá vontade na hora. |
Um dia apareceu alguma foto de Český Krumlov. Basta ver uma para se querer ir lá. Fica na República Tcheca, quase fronteira com a Áustria. Repensamos a viagem para, além de Praga, Dresden e Berlim, passearmos pelo interior da Tchecolândia.
Não me acostumo com esse tal nome "República Tcheca". Tantos anos de Tchecoslováquia...
E Berlim com isso?
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| E Berlim com isso? |
Onde seria a boa localização em Berlim?
O gênio aqui resolveu fazer um mapa com as atrações estreladas de Berlim (usando as estrelas do Michelin). Uma versão do mapa é essa aqui:
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| As azuis são atrações três estrelas, as rosas são duas e as amarelas uma. |
Cientificamente ficamos no tal centro geográfico das atrações.
Estranhei que todo mundo que tinha adorado Berlim não tinha ficado tão perto das atrações como eu esperava ficar.
Agora que fui, entendi.
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| Vitrine com mapa de Berlim e reflexo da "atração" Torre da TV. |
Pode não ter nada a ver comparar Berlim com São Paulo. Mas com um pouquinho de esforço dá para entender a ideia.
Adoro São Paulo. Muito. Pena que é longe...
São Paulo tem o MASP, o Ibirapuera do Niemeyer e do Burle Marx, tem a Pinacoteca e por aí vai.
Mas não são essas adoráveis atrações (estreladas) que me fazem gostar de São Paulo.
É a Vila Madalena com a Mercearia São Pedro, é Moema com seu ar de Rio de Janeiro, são os Jardins, a arquitetura na Berrini e em muitos outros lugares, são o fervo, os eventos culturais, as lojas e os ingredientes que não se acham no Rio.
Berlim tem algumas (poucas) grandes atrações: os museus, o Reichstag, o portão de Brandenburgo, não muito mais que isso. Mas o lance de Berlim não é por aí.
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| Bueiro com as principais atrações de Berlim |
O charme está na vida de alguns bairros, que nem atrações estreladas têm.
Sobre esses, os guias são sucintos, seguindo o padrão de guias: destacam uma igreja, um prédio, uma praça nem tão legal. Uns blogs ainda falam de bares, restaurantes. É pouco.
Por exemplo, o Michelin menciona os bairros Scheunenviertel (ver meu post Spandauer Vorstadt), Prenzlauer Berg e Kreuzberg.
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| Isso os guias não mostram. |
Resumindo: ficamos em Berlim os últimos 5 dias da nossa viagem.
Ainda tem isso: últimos dias significam reservar tempo para comprar besteiras, fazer malas, providências gerais e diminuir o ritmo para aliviar o cansaço.
Sabíamos desde quando planejamos a viagem que seria pouco tempo.
Na verdade eram só 4 dias, um era para ir a Potsdam, que acabamos não indo.
Também não fomos ao castelo Charlottenburg, parte oeste do nosso roteiro, que ocuparia um dia inteiro.
Ou seja, apenas arranhamos Berlim.
Mas foi de propósito, sabíamos que pretenderíamos voltar algum dia.
Pelo visto vão ter que ser várias vezes.
Que nem São Paulo.
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| Berlim ao por do sol. Voltaremos. |
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